Os Quadruplex e outros formatos de videotapes presentes na Fundação Cultural Piratini Rádio e TV 

        O desenvolvimento das técnicas de se fazer televisão está diretamente ligado ao desenvolvimento da tecnologia aplicada. Os processos de gravação e reprodução de imagens são recentes. Existindo comercialmente por não mais do que 60 anos. A possibilidade de gravar o vídeo vem do desenvolvimento tecnológico da área do áudio. Seguindo o caminho do desenvolvimento dos processos de gravar o som, o vídeo passou também a desenvolver técnicas de gravação em fita magnética, sendo que os primeiros grandes progressos começaram em 1950. Sendo assim encontraremos algumas fitas da década de 60 no acervo da Fundação Cultural Piratini Rádio e TV(1) - FCPRTV. Outros suportes de documentos analógicos-eletromagnéticos como as Helicoidais, as U-Matic e as SVHS, encontram-se no arquivo da TVE-RS. Sobre estes documentos tão especiais é que tratarei nesta edição.

 (1) Tapes Quadruplex para identificação no arquivo da TVE-RS em 2011
Acervo do Autor: CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO YURI VICTORINO\PROJETO CMIFCPRTV\TVE\FOTOS TUPI-TVE\ARQUIVO FITAS TVE - 12-.01.08.JPG

        No ano de 1956, em 14 de abril, dois cientistas da americana Ampex, Charles Ginsberg e Ray Dolby, revolucionaram o modo de fazer televisão com o invento do videoteipe. Deste modo não chegaria mais aos olhos do telespectador, provavelmente, os erros e improvisos da televisão feita ao vivo. Algumas destas máquinas de videotapes foram absorvidas do escopo da TV Piratini, pela TVE-RS, quando da instalação da emissora em 1980, nas dependências do Morro Santa Tereza em Porto Alegre - [mais informações:http://projetores-yuri.blogspot.com/2011/08/preservacao-da-informacao-audiovisual.html.] 
Com a chegada dos videotapes, as emissoras de televisão poderiam melhorar a qualidade do produto oferecido ao telespectador. Tanto os que faziam quanto os que assistiam televisão, não ficariam reféns das imagens de momento, e por consequência dos erros transmitidos ao vivo. Foram as Quadruplex(2) as primeiras máquinas de videotape a propiciarem a magia eletrônica da gravação e reprodução de áudio e vídeo no início dos anos 60.


(2a) Tapes Quadruplex e MiniDV
Acervo do Autor: CMIYV - CMIFCPRTV-TVE-FOTOS TUPI-TVE\QUADRUPLEX - 2 POLEGADAS Tape E MiniDV_cassette.1-27-08-2011-jpg


(2b) Equipamento QUADRUPLEX de duas polegadas. 
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Go9y-f0KdSE&feature=colike


        Muita pesquisa até chegar ao invento. A dificuldade estava em armazenar muito mais informações, vindas do vídeo, do que do áudio. Se fosse utilizado o mesmo processo de gravação do som, seria necessário 35,5 metros de fita para 1 segundo de imagem. Sem contar que a fita deveria passar na cabeça magnética a uma velocidade aproximada de 130 quilômetros por hora. Imagine o tamanho deste aparelho e das fitas para gravar. Seriam enormes e caríssimos de se produzir. Para resolver o problema das proporções gigantescas, se utilizou a mesma velocidade da fita do gravador de som, a de 38 centímetros por segundo (15 polegadas por segundo). Ainda assim haveria que se usar grande quantidade de fita. A solução foi aumentar a velocidade sobre a cabeça gravadora e reprodutora. Então para que a gravação ganhasse velocidade, proporcionando a diminuição na quantidade de fita usada, fizeram com que a cabeça magnética também girasse no sentido contrário a da fita. Veja o modelo abaixo(3)





(3) Sistema por cabeças de vídeo utilizado no Quadruplex.
Reprodução da Ilustração do autor: CMIYV\projcmifcprtv\TVE\FOTOS TUPI TVE\ QUADRUPLEX - 2 POLEGADAS\ Quadruplex.svg

        A miniaturização resultou na medida de 5cm de largura utilizada na fita pela Quadruplex. O formato ficou conhecido no Brasil por duas polegadas. Para gravar ou reproduzir as imagens organizadas eletromagneticamente, utilizou-se o conjunto em forma cilíndrica de 04 cabeças, dispostas a 90 graus. As cabeças giram a 240 rotações por segundo. Este formato recebeu o nome de Quadruplex devido e disposição das cabeças em forma de quadrante(3)Há uma dúzia destas fitas no arquivo da TVE-RS. Outras tantas estão sob a guarda do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa desde a década de 80 do século passado. Em que condições de guarda a preservação estariam estes documentos? E que conteúdo poderemos resgatar, uma vez que estas fitas são do início da TVE-RS e da então PIRATINI de Chateaubriand? Se faz necessária a criação de um órgão que se responsabilize pela documentação e memória da instituição. A FCPRTV é publica e a documentação proveniente dela é de interesse de todos nós. É um dos retratos da nossa existência. Mas a dúvida na formatação de uma unidade de gestão de informações talvez seja o entrave maior nas instituições como a Fundação Cultural Piratini, pois abrigam inúmeros documentos em suportes variados, como os videotapes Quadruplex, além de objetos considerados como peças de museu por exemplo. Pensar de maneira responsável as questões como a gestão, preservação e disponibilização da informação, como, e principalmente proporcionar o acesso aos seus conteúdos, são temas que norteiam as decisões para uma administração responsável. 


(3a) Presidente da FCPRTV Pedro Luis Osório e Diretor Administrativo José Mariano da Silva Melo
VÍDEO DO AUTOR. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- DEPOIMENTOS - TVE-RS Pres. Pedro Luiz Osório e Dir. Administrativo José Mariano da Silva Melo avi - 

Não diferente a FCPRTV deve estar preocupada com estes temas e em busca de definição do que fazer com a massa documental e seus objetos. O como, quando e porque fazer? Que caminho seguir? A biblioteca, o arquivo ou o museu? Que modelo seguir? Com intuito de auxiliar nesta resposta é que propus a ideia de constituição de um híbrido chamado de Centro de Informações e Memória - CIM. O Centro deverá gestionar as informações através da guarda, tratamento, migração e acesso aos documentos audiovisuais, também à criação de amostras itinerantes, fomentar a pesquisa, entre outras ações voltadas para a infocomunicação. Ações estas que deverão integrar as áreas da ciência da informação como a arquivologia, a biblioteconomia e museologia. O arquivo de fitas da TVE deve ser o passo inicial. Disponível em: http://projetores-yuri.blogspot.com/2011/09/centro-de-memoria-e-documentacao-cmi.html
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(4) Cópia migrada do VT Quadruplex do programa TV Vanguarda de 1956 da TV Tupi de São Paulo.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=6-cXtDAwJZo

Mas voltando ao velho Quadruplex, temos registros que o videoteipe neste formato fora usado no Brasil em 1956, como mostra videotape acima(4) no episódio Crime e Castigo do programa TV de Vanguarda, da TV Tupi de São Paulo. Nas imagens se vê a atriz Marly Bueno, como Sonya, ao lado de Cassiano Gabus Mendes, como Raskolnikov, nesta produção histórica da Televisão Brasileira. Uma época memorável em que grandes produções como essa de Dostoiévski iam semanalmente ao ar e com tudo ao vivo. Alguns relatos apontam como a primeira utilização do videotape no Brasil em 1958, com a apresentação de O Duelo, de Guimarães Rosa, pelo programa TV de Vanguarda da TV Tupi de São Paulo. O equipamento era utilizado para gravar e reproduzir, não havia a possibilidade de edição (montagem). Walter George Durst, responsável pelo programa na Tupi, dispunha de uma fita de apenas uma hora e por isso as cenas tinham de ser exaustivamente ensaiadas e cronometradas. Não diferente era aqui na TVE-RS nos anos 70. A primeira apresentadora da emissora, Célia Jurema Aito Victorino (2011), lembra que [...] "tínhamos que gravar tudo no cérebro, pois não se usava quase o videotape. Já havia vt mas o uso era muito raro. O filme ainda era usado. Na época a TVE funcionava na FAMECOS, dentro da PUC-RS.(5a) Éramos alunos contratados para assumir uma televisão experimental. Se fazia de tudo. Coube a mim e uma equipe a apresentação de programas, telejornais e algumas produções."


(5a) Célia Aito 1ª apresentadora da Televisão Educativa canal 7 em 1974.
Videotape do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS – Celia Victorino TVE PUC

(5b) Estúdio A da TVE na FAMECOS PUCRS em 1975
Reprodução Arquivo TVE-RS - Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – GRUA E BOOM PUC 1975 - COLOR,18x12

Nesta foto acima podemos observar o equipamento de alta tecnologia utilizado pela emissora na década de 70 do século passado. A grua pneumática e o microfone girafa desapareceram com o passar dos anos. Seus paradeiros ainda são incógnitas. Conta a lenda que as máquinas haviam sido emprestadas a uma grande emissora de Porto Alegre para que proporcionassem a realização de comerciais. Uma perda inestimável. Imagine o que se poderia realizar adaptando-as a tecnologia de hoje! Na TVE-RS há dois profissionais(6) que trabalharam nestes equipamentos.



(6) Os Operadores de Câmera da TVE-RS, Sérgio e Índio, falam sobre os equipamentos. set 2001.
VT do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS - Sérgio Luis Machado e Antônio Carlos Santos (ÍNDIO) sobre o uso das MARCONI na década de 70 TVE-PUC.16-9-11. 4min.6seg. avi


Mas voltando aos Quadruplex, sobre as primeiras exibições e a operação destes videotapes nos reporta Roberto Manzoni [...] É bom lembrar que foi a Excelsior que lançou o hábito da novela diária, ao exibir 2-5499 Ocupado, com Glória Menezes e Tarcísio Meira, em 1963. (2005,137p) A telenovela 2-5499 OCUPADO(7) tinha Tarcísio Meira e Gloria Menezes no elenco e foi escrita por Dulce Santucci baseada nos originais do texto argentino de Alberto Migré, com direção de Tito di Miglio.(nota do autor)

(7) Cópia migrada do Quadruplex da TV Excelsior da telenovela 2-5499 OCUPADO de 1963.
Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM - TV Excelsior 2-5499 Ocupado, 1963. cópia quadruplex - 50 seg.avi

E segue Manzoni (2005) [...] Além de colocar o programa no ar, os operadores de VT também poderiam gravar e editar o material. Para fazer a edição, colocávamos a fita sob uma espécie de microscópio e fazíamos cortes, com uma gilete ou um estilete, para eliminar ou encurtar uma cena. Depois fazíamos a emenda com óxido de ferro misturando com um pouco de álcool, num trabalho qu exigia paciência e mãos firmes.(8) Minha primeira montagem, de uma cena de novela, foi um desastre. Usei muito óxido de ferro e, toda vez que o corte entrava em cena, a imagem ia se fechando até quase sumir. Coisa de novato [...].

(8) Vt edição nas fitas Quadruplex em 1959.
Reprodução do autor : BR -- CMIYV -- PM -- MIM - Edição em Quadruplex, 1961. cópia migrada - 2 min 56 seg.avi

Na TVE-RS os equipamentos funcionaram até meados dos anos 90, quando foram desativados e posteriormente vendidos pelo Estado como sucata. Os documentos audiovisuais no formato Quadruplex ainda persistem e esperam por tratamento e migração para outro suporte. Estes procedimentos possibilitarão o renascimento dos conteúdos audiovisuais contidos nas fitas da Piratini e da própria TVE-RS. Algumas imagens, provavelmente, ressurgirão como únicas. Há a possibilidade de que estejam armazenadas nestas fitas conteúdo da rede Tupi de televisão, já que a Piratini fazia parte desta rede. As emissoras associadas recebiam o conteúdo para que fosse exibido. As empresas de televisão do Rio de Janeiro e São Paulo tiveram em grande parte seus acervos extintos por incêndios(9). Na TVE-RS não foi diferente. A emissora gaúcha teve seu arquivo incendiado nos anos 80(10). Nos vídeos abaixo você verá cenas de profissionais operando as Quadruplex na TV Globo Rio após o incêndio de 1976. E na TVE de Porto Alegre, os funcionários retirando as máquinas Quadruplex durante o incêndio de 1983.



(9) Vídeotape sobre o incêndio da Globo Rio no Jardim Botânico em 1976.
Acessado em 27-08-2011: http://www.youtube.com/watch?v=v5wJCVB688o


(10) Videotape sobre o incêndio da TVE-RS em 1983.
Vídeotape do autor disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=mfNG9SuBv4E
         
E as mutações nos videotapes contunuaram. O avanço da tecnologia proporcionou, em 1959, o surgimento do sistema helicoidal. Nesse sistema as trilhas de vídeo passam a ser mais inclinadas, utilizando melhor o comprimento da fita. Estas fitas de uma polegada, usadas nas helicoidais, são parte do acervo da TVE-RS. No Arquivo existem cerca de 40 exemplares. Sob a guarda do Museu de Comunicação Social, são mais algumas dezenas delas. As fitas, ou tapes, são dos tipos A, B e C, conforme descrição abaixo. Todos estes documentos se encontram em condições de guarda e preservação duvidosa. Este é sem dúvida um dos grandes motivos para que se constitua o Centro de Memória e Informação - promover a guarda e a migração de suporte de forma responsável e permanente das informações contidas nas fitas.

Os sistemas de tapes magnéticos/analógicos se desenvolveram já na década de 50 do século passado. O sistema Quadruplex foi o precursor, tendo os modelos VERA e o Tipo A, como primeiros.

VERA(11) (1958) - VERA (Vision Electronic Recording Apparatus). O projeto VERA foi iniciado em 1952 por Peter Axon na Inglaterra, quando desenvolveu-se ao mesmo tempo a máquina Quad da Ampex (Quadruplex) nos EUA. Uma gravação foi demonstrada na BBC em 1956 e fez sua primeira transmissão na segunda-feira, 14 abril, 1958 durante o programa Panorama. O VERA usava 1/2 polegada de fita magnética em carretéis, com uma velocidade de 200 polegadas por segundo. Isto permitia no máximo de quinze minutos de tempo de gravação. Não se mostrou muito eficiente sendo logo desativado.

(11) Videotape sobre a primeira transmissão de um videotape na Inglaterra em 1958.
Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM - BBC Vision Electronic Recording Apparatus  VERA, 1958. cópia 4 min, 54 seg.avi

Tipo A(12) (1965) - Tipo A - é o videotape de carretel padronizado e desenvolvido pela Ampex em 1965, desenvolvido em uma polegada de largura que foi um dos primeiros videotapes de carretéis abertos padronizados. Já se usava o TIMECODE, padrão internacional estabelecido nos anos 60 pela Society of Motion Picture and Television Engineering, que usa um sinal eletrônico na faixa de áudio, no qual são codificadas informações de tempo cronológico. Os sinais podem ser enviadas de um equipamento para outro, ou então de um equipamento para uma fita magnética, para sincronizar o tempo. O timecode representa o tempo cronológico em horas, minutos, segundos e quadros (frames - são subdivisões do segundo). Usando timecode, o equipamento escravo recebe periodicamente a informação da posição (cronológica) da seqüência a cada quadro (em geral, a cada 1/30 de segundo), garantindo uma sincronização bastante precisa. Isso possibilita a junção das partes no local exato. Diferente da colagem manual que se fazia anteriormente.


(12) Videotape sobre operação de uma Quadruplex Ampex 1200B - 1966
Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM -Ampex VR 1200B Quadruplex VTR, 1966. migração youtube - 2 min, 58 seg.avi


Tipo B(13) (1976) - Tipo B - é o videotape de carretel padronizado e desenvolvido pela Bosch, na Alemanha, em 1976. Não foi muito utilizado fora da Europa, devido ao formato ser incapaz de executar funções como velocidade variável de reprodução. A TVE-RS adquiriu estas máquinas antes do incêndio de 1983, conforme relato acima(10) do editor Evaldo Beker Jr. e do supervisor de operações Marcos Grade.


Formato de VTR utilizado na TVE_RS nos anos 80
(13) Imagem acessada em : http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bcn-52-type-b-vtr.jpg


Tipo C(14) (1976) - Tipo C - é o videotape de carretel padronizado e desenvolvido em conjunto pela Ampex e Sony em 1976. 

 VT Tipo C em funcionamento 2009.
(14) Disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=zOijZWmVRKw&NR=1

Tornou-se a substituição nas indústrias de transmissão de vídeo profissional e televisão ao Quadruplex. Isso devido ao menor tamanho de largura da fita, que é de uma polegada, do que as 2 polegadas da Quadruplex, além da qualidade de vídeo ligeiramente melhor do que a Quadruplex.(16)

O Eng. Rafael Haag fala sobre a evolução do videotape e os formatos de vídeo da TVE-RS
(15) Disponível em:BR – CMIYV – CMIFCPRTV – ENTREVISTAS E VIDEOS – Rafael Haag Dir. Tec. 13-9-11. 15MIN59SEG. AVI
As grandes vantagens do sincronismo por timecode(15) são, em primeiro lugar, a padronização e a universalidade, o que possibilita usar-se um material codificado em praticamente qualquer lugar do mundo, pois todos os equipamentos profissionais de vídeo, áudio e MIDI podem operar com este sincronismo. Outra vantagem é a confiabilidade. Como o código é escrito na fita a cada quadro (normalmente, 30 quadros /seg), mesmo que um defeito da fita estrague um dos quadros, o seqüenciador pode recuperar a posição com menos do que 1/30 de segundo de atraso, o que não compromete a operação sincronizada dos equipamentos.
(16) Videotape sobre operação de uma Quadruplex Ampex 1200B - 1966
Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM -Ampex Quadruplex VTR em operação, 1976. migração youtube - 1 min, 24 seg.avi

Seguiram os analógicos: Akai (1967), U-matic (1969), EIAJ-1 (1969), Cartrivision (1972), Philips VCR (1972), V-Cord (1974), VX (1974), Betamax (1975), IVC (1975), - Este modelo de equipamento(17) foi utilizado na TV PIRATINI de Porto Alegre nos anos 70. Achamos uma sucata no espólio da emissora, sob a guarda da TVE-RS, em 2011, quando buscávamos uma RCA.(18) -  Type B (1976), Type C (1976), VHS (1976), VK (1977), SVR (1979), Video 2000 (1980), CVC (1980), VHS-C (1982), M (1982), Betacam (1982), Video8 (1985), MII (1986), S-VHS (1987), Hi8 (1989), S-VHS-C (1987), W-VHS (1994). 

(17) Formato de VTR - IVC 916 - utilizado na TV PIRATINI nos anos 70
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - QUADRUPLEX - IVC900_series

(18) VT do autor quando da busca da Quadruplex perdida no depósito da TV PIRATINI
Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS – MARCOS FLAVIO AZEVEDO PINHIRO -CF PATRIM. 12-09-11 - flv.

Os formatos digitais: Digital D1 (1986) · D2 (1988) · D3 (1991) · DCT (1992) · D5 (1994) · Digital Betacam (1993) · DV (1995) · Digital-S (D9) (1995) · DVCPRO (1995) · Betacam SX (1996) · DVCAM (1996) · HDCAM (1997) · DVCPRO50 (1998) - Formato utilizado atualmente na TVE-RS - · D-VHS (1998) · Digital8 (1999) · DVCPRO HD (2000) · D6 HDTV VTR (2000) · MicroMV (2001) · HDV (2003) · HDCAM SR (2003)

Tivemos ainda os Optical disc Analog Laserdisc (1978) · Laserfilm (1984) · CD Video (1986) Digital VCD (1993) · MovieCD (1995?) · DVD/DVD-Video (1997) · MiniDVD · CVD (1998) · SVCD (1998) · EVD (2003) · XDCAM (2003) · HVD (2004) · FVD (2005) · UMD (2005) · VMD (2006) · HD DVD (2006) Blu-ray Disc (2006)

Sem esquecer dos: Videodisc Analog Phonovision (1927) · TeD (1974) · CED (1981) · VHD (1983). E ainda os sólidos: Solid state Digital P2 (2004) · SxS (2007) e o Digital HDD (1956) E por fim a TV recording Analog Kinescope (1947) · Electronicam kinescope (1950s) · Electronic Video Recording (1967). 

(19) Formato de fita U-Matic utilizada na TVE-RS. 
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - Tape-Umatic-S_004

        No ano de 1970 a japonesa Sony inventou o suporte U-Matic(19). Formato em cassete com bitola de ¾ de polegada, utilizando o sistema helicoidal. Com este sistema, fazer televisão se tornou mais prático. As fitas diminuíram de tamanho e peso se comparadas às Quadruplex. O U-Matic veio agilizar as gravações e edições em produções externas, principalmente as reportagens.(20)

(20) O Jornalista Ricardo Azaredo descreve o trabalho da equipe de externa com o U-Matic.
Videotape do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS – RICARDO AZEREDO - REPORTER - A EQUIPE DE EXTERNA JORN. UMATIC - 3.12.09.avi

Na TVE-RS este sistema foi amplamente utilizado por mais de uma década. O Arquivo de fitas guarda mais de 5 mil unidades. Com o começo da utilização do U-Matic, finda a utilização das câmeras com filmes 16 mm. A era das películas cinematográficas, onde deveriam ser revelados e depois montadas as imagens e sons, chegara ao fim. Ao menos na televisão. O acervo de películas 16 mm da TVE-RS, assim como os equipamentos da TV Piratini, foram entregue para outra instituição, como mencionado em postagem anterior deste blog, disponível em: http://projetores-yuri.blogspot.com/2011_07_01_archive.html


        Outro suporte analógico mas não eletrônico é a película cinematográfica. Foi usada na captação de imagens para a televisão até meados dos anos 80. Mesmo fora de uso nas emissoras, hoje a película cinematográfica é o suporte documental que proporciona maior longevidade, no que diz respeito a conservação das informações registradas. As películas são usadas para a microfilmagem de documentos(21). Presente na legislação brasileira este é o suporte recomendado para a guarda de imagens de documentos. A validade legal da microfilmagem no país se deu em 08 de maio de 1968, com a lei 5433, sendo utilizada pelo decreto 1.799 de 1966. Devido à capacidade de compactação, durabilidade, custo previsível e simplicidade tecnológica, o microfilme desde a sua criação na década de 70, não sofreu grandes alterações e foi escolhido para a preservação dos documentos de arquivo. (FARIA FILHO, 200).


 (21) Formato de microfilme 35mm. 
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - microfilme 35mm

Vive-se na era da explosão da produção da informação, e as espécies documentais mensuráveis por unidade, vêm se avolumando em quantidades impressionantes. Dentre elas os negativos e as ampliações fotográficas, os mapas e as plantas, os vídeos, os filmes os disquetes as fitas magnéticas de som e as de computador e até mesmo o microfilme (LOPES, 1993).


(22) Formato de microfilme 16mm, 35mm e microficha. 
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - microfilme 16mm- 35mm-microficha.



A microfilmagem(22) apresenta para a preservação dos documentos vantagens incontestáveis, mas em relação ao acesso existem alguns problemas, que podem ser considerados graves, tais como: 1) somente podem ser utilizados em locais onde se possua equipamento específico, 2) sua leitura é morosa, 3) existem dificuldades de manuseio dos documentos e 4) cópias têm qualidade inferior ao original. Ao que muito se parece com as películas cinematográficas tão encontradas nos arquivos de imagens das emissoras de televisão e Centros de Documentação e entidades semelhantes de guarda de documentos audiovisuais.

Mas voltando aos VT's; tanto no início do videoteipe quanto no filme, a edição era feita manualmente através de cortes(08), o que propiciava pulos de imagens. A edição eletrônica nas ilhas U-Matic eliminou esse problema, onde o sincronismo entre as máquinas foi mais preciso. Para se editar era necessário pelo menos duas máquinas de videoteipe (VT). Em um VT (play) se coloca a fita com as imagens e/ou sons originais. No outro transladava-se em ordem as imagens e/ou sons selecionados a partir da primeira máquina. Em suma isto é a edição ou montagem bruta.

O avanço no desenvolvimento de formatos mais compactos começaram a surgir. Em 1975, a Sony lança o Betamax, usando uma fita cassete de 0,5 (meia) polegada. Este foi um formato que a TVE-RS não utilizou. A emissora pulou do formato U-Matic para o SVHS.

Os formatos até 1975 utilizavam o sistema de vídeo-composto, gravando a luminância (Y) que corresponde a gama de cinza, indo do preto ao branco, e a crominância (C) que corresponde as cores. Para melhorar a resolução do material gravado, desenvolveu-se o sistema de vídeo-componente em que os sinais são separados. A Sony criou o sistema Beta no final dos anos 70, desenvolvido a partir do sistema doméstico Betamax. Ele se dá através da gravação do sinal composto: B-Y (canal azul menos luminância), R-Y (canal vermelho menos luminância) e G+Y (canal de verde mais luminância), recebendo o nome Betacam para a utilização broadcasting.

As japonesas Panasonic e JVC apostaram em um sistema intermediário de vídeo-componente que utiliza Y/C (luminância separada da crominância), conhecido como S-Video. Utilizou o formato doméstico VHS como base, recebendo o nome de S-VHS (Super VHS), em 1987. A TVE-RS substitui o U-Matic por este sistema. O Arquivo da emissora comporta aproximadamente 6 mil exemplares S-VHS.

Atualmente a emissora de televisão da Fundação Cultural Piratini opera com o sistema DVC-PRÓ.(15) Este é o formato digital utilizado no segmento profissional, desenvolvido pela Panasonic em 1996. Utiliza sinal idêntico ao do formato DV, tendo a mesma qualidade de imagem. Por ser um formato criado para uso no segmento profissional (enquanto que o DV abrange todos os segmentos), possui algumas diferenças com o formato DV em relação aos processos utilizados durante a gravação / reprodução. Utiliza dois tipos de cassete: Standard, do mesmo tamanho que o do formato Standard DV e Medium ou Small (97,5 x 64,5 x 14,6 mm). A velocidade da fita é quase 2 vezes maior do que a do formato DV (33,82mm/seg contra 18,812mm/seg no modo SP (Standard Play) e 12,56mm/seg no modo LP(Long Play)). Utiliza somente um par de trilhas sonoras estéreo e fita do tipo MP (Metal particle), entre outras diferenças. Também conhecido como D-7.


        A finalidade desta postagem é contribuir para que um número cada vez maior de pessoas tenha conhecimento sobre a documentação existente na Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão, assim como fomentar o debate sobre a necessidade de se preservar, conservar e disponibilizar as informações contidas nos documentos, objetos e outros registros que remetam a memória coletiva. 

Preserve com responsabilidade. Disponibilize a informação. 


Yuri Victorino. 
Setembro de 2011.


(1) Foto do Autor. Disponível em: CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO YURI VICTORINO\PROJETO DO CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO FCPRTV\TVE\FOTOS TUPI-TVE\ARQUIVO FITAS TVE - 12- 01-08-2011.JPG
(2a) Foto reprodução do Autor. Disponível em: CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO YURI VICTORINO\PROJETO DO CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO FCPRTV\TVE\FOTOS TUPI-TVE\QUADRUPLEX - 2 POLEGADAS Tape E MiniDV_cassette.1-27-08-2011-jpg
(2b) Equipamento QUADRUPLEX de duas polegadas.  Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Go9y f0KdSE&feature=colike
(3) Reprodução da Ilustração do autor: CMIYV\projcmifcprtv\TVE\FOTOS TUPI TVE\ QUADRUPLEX - 2 POLEGADAS\ Quadruplex.svg
(3a) Presidente da FCPRTV Pedro Luis Osório e Diretor Administrativo José Mariano da Silva Melo
(4) Videotape TV Vanguarda de 1956 da TV Tupi de São Paulo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=6-cXtDAwJZoBR.
(5a) Videotape do autor sobre Célia Aito 1ª apresentadora Disponível em: CMIYV - CMIFCPRTV - VIDEOS - Entrevi. Célia Aito.
(5b) Reprodução Arquivo TVE-RS - Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – GRUA E BOOM PUC 1975 - COLOR,18x12
(6) VT sobre o uso das MARCONI na década de 70 Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS - Sérgio Luis Machado e Antônio Carlos Santos (ÍNDIO) sobre o uso das MARCONI na década de 70 TVE-PUC.16-9-11. 4min.6seg. avi
(7 )Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM - TV Excelsior 2-5499 Ocupado, 1963. cópia quadruplex - 50 seg.av 
(8) Reprodução do autor : BR -- CMIYV -- PM -- MIM - Edição em Quadruplex, 1961. cópia migrada - 2 min 56 seg.avi 
(9) Videotape incêndio da Globo Rio em 1976.Aces. em 27-08-2011Disponível emhttp://www.youtube.com/watch?v=v5wJCVB688o
(10) Vídeotape do autor disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=mfNG9SuBv4E
(11) Reprodução do autor. Disponível em:: BR – CMIYV – PM – MIM - BBC VERA, 1958. cópia quadruplex - 4 min, 54 seg.avi
(12) Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM -Ampex VR 1200B Quadruplex VTR, 1966. migração youtube - 2 min, 58 seg.avi
(13) Imagem acessada em : http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bcn-52-type-b-vtr.jpg 
(14) VT Tipo C em funcionamento 2009. Disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=zOijZWmVRKw&NR=1
(15) Disponível em:BR – CMIYV – CMIFCPRTV – ENTREVISTAS E VIDEOS – Rafael Haag Dir. Tec. 13-9-11. 15MIN59SEG. AVI 
(16) Videotape Ampex 1200B - 1966 Reprodução do autor: BR – CMIYV – PM – MIM -Ampex Quadruplex VTR em operação, 1976. migração youtube - 1 min, 24 seg.avi
(17) Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - QUADRUPLEX - IVC900_series
(18) Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENT, MARCOS FLAVIO AZEVEDO PINHIRO. PATRIM FCPRTV. 12-09-11 - flv.
(19) Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - Tape-Umatic-S_004
(20) Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – VIDEOS- ENTREVISTAS – RICARDO AZEREDO - REPORTER - A EQUIPE DE EXTERNA JORN. UMATIC - 3.12.09.avi
(21) Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - Tape-Umatic-S_004
(22) Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – PM – MIM - TAPES - microfilme 16mm- 35mm-microficha.

Fontes:

BRASIL. Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996. Regulamenta a Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula a microfilmagem de documentos oficiais, e dá outras providências. Diário Oficial da União. DF, 31 de jan. 1996. Disponível em: < http://www.arquivonacional.gov.br/conarq/leis/leg_arq.htm > Acesso em: 16 set.2011.

FARIA FILHO, Luciano Mendes deArquivos, fontes e novas tecnologias: questões para a historia da educação. Campinas: Braganca Paulista, 2000. 160p.
 
JONES, GRAHAM. A broadcast engineering tutorial for non-engineers / Graham Jones, -3rd ed ISBN - 13: 978-0-240-80700-3   ISBN - 10: 0-240-80700-6. ed.Focal Press, 2011, 314p.  
 
LOPES, Luiz Carlos. Arquivópolis: uma utopia pós-moderna. Ciência da Informação, Brasília: v. 22, n. 1. jan./abr. 1993.

Manzoni, Roberto - Os Bastidores da Tv Brasileira / Roberto Manzoni. - Osasco, SP : Novo Século Editora Ltda. 2005, 137 p.

Mullin, John, Discovering Magnetic Tape, Broadcast Engineering, Intertec Publishing, Overland Park, KS, May 1979.

DANIEL, Eric D.Tape Recording Used by Filmless 'Camera'," New York Times, Nov. 12, 1951, p. 21. Eric D. Daniel, C. Denis Mee, and Mark H. Clark (eds.), Magnetic Recording: The First 100 Years, IEEE Press, 1998, p. 141. ISBN 0-070-41275-8

Ziff, Richard, Magnetic Tape's Impact on Broadcasting, Broadcast Engineering, Intertec Publishing, Overland Park, KS, May 1979.



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